segunda-feira, junho 27, 2005

protegendo os olhos ...


... de hortelões mais incautos das afiadas canas e das intrometidas estacas.

antes tarde ... que mais tarde : )


Com a azáfama extra-blog dos últimos tempos, deixei passar a altura de despontar os tomateiros na altura certa :( Passei o final da tarde de domingo no meio de uma autêntica selva de tomateiros, a estacar os pés que já se vergam até ao chão com o peso dos frutos.

como cuidar de tomateiros

despontar - eliminar todos os lançamentos laterais que aparecem entre dois outros grupos de folhas ("axilas das folhas"), cortando-os quando começam já a ter expressão.
estacar - prender o caule a uma estaca com um fio ou ráfia, através de uma laçada que o sustente mas que não impeça o seu crescimento. A operação deve ser repetida durante o crescimento.
estimular o crescimento dos frutos - assim que o tomateiro tiver produzido 4 cachos de frutos, cortar as pontas de cima (ápice de crescimento) 2 folhas acima do último cacho.
regar - no verão, e em tempo seco, regar em intervalos regulares. Não regar excessivamente.
produzir em vaso - seguir as indicações anteriores; aplicar uma camada de composto no solo quando os frutos se começarem a formar. De seguida, regar abundantemente.

quinta-feira, junho 23, 2005

o rapto das flores


Hoje poucos conhecem e cumprem a tradição; mas, diz quem se lembra, que no concelho do Sabugal a noite de S. João era fatal para os vasos de flores:

São poucas as pessoas no Sabugal que ainda se recordam de ouvir falar na Confraria dos Solteiros, mas esta tradição é referida em alguma bibliografia do concelho. Diz-se que a confraria dos solteiros tomava a peito enfeitar todos os anos pelo São João, o campanário paroquial com vasos de flores. As raparigas conhecedoras da tradição rodeavam de cuidados especiais os mais formosos exemplares. No entanto, cravos, majericos, malvarrosas ou os amores que ornavam os peitoris das janelas e as resguardas dos balcões e as varandas das moças casadoiras não escapavam à confraria.
Joaquim Manuel Correia, in «Memórias da Minha Terra», conta que o maioral da confraria, em quem recaíam as honras ou os insucessos da função, inquiria os seus súbditos sobre quais os balcões, varandas ou janelas que valia a pena assaltar em demanda dos belos vasos. Os familiares das respectivas casas que iriam ser «assaltadas» que por ventura se encontrassem presentes não poderiam levantar quaisquer obstáculos aos raptos das próprias flores, operação em que todavia, lhes era proibido participar.
Por volta das duas da madrugada, toda a malta dividida em diferentes grupos de assalto se empenhavam activamente na tarefa para a qual previamente haviam sido mobilizadas escadas e andas.
Os portões eram abertos com tanto jeito; faziam-se negaças aos cães com nacos de pão e carne e anda-se em "pés de lã" para afastar toda a sombra de suspeita. Joaquim Manuel Correia diz que «complicada era a tarefa de ornamentar o esguio campanário». Fazia-se uma selecção de vasos e os menos vistosos eram estendidos pelos degraus de acesso aos sinos. Os de maior beleza e realce reservavam-se para o lugar mais nobre. E o mais formoso de todos ficava no cocuruto, mesmo ao lado do galo que marca a direcção dos ventos.
De manhã, as raparigas ao entrarem no adro da Igreja a caminho da missa formulavam juízos sobre a procedência das flores mais em destaque. E a dona das que adornam o mais alto raminho não deixava certamente de exultar. A exposição dura até ao São Pedro e nos dias de permeio, quatro ou cinco dias, os vasos eram frequentemente regados para que as flores não murchassem. Depois os rapazes que haviam cometido o furto iam de casa em casa entregar os preciosos vasos e faziam-no com o maior desvelo. Com o mesmo desvelo com que em arroubos de amor prometem tratar os corações das donzelas, suas amadas. (in
Terras da Beira)

um abraço grande



ao Sargaçal.

domingo, junho 12, 2005

terra sã porto 2005


É já no próximo fim-de-semana que acontece a 7ª “Terra Sã” - Feira da Alimentação, Agricultura Biológica e Ambiente, organizada no Porto pela Agrobio. Uma oportunidade para conhecer os produtores, os transformadores e distribuidores, as associações e organismos públicos ligados ao ambiente e à agricultura biológica.
A edição deste ano realiza-se no edifício da Alfândega do Porto, de sexta-feira a domingo.

sexta-feira, junho 10, 2005

crianças no jardim


(as (des)construções de molas da Teresinha e da Maria Rita)

Este post já estava prometido à mãe da Inês desde o dia 1 de Junho. Infelizmente o trabalho-para-além-do-blog tem sido imenso ...
Para todas as mães e pais que querem desenvolver com os seus filhos uma saudável relação com a Natureza, aqui vão alguns links que prometem vir a proporcionar umas horas divertidas ao ar livre:
- começar um herbário, coleccionando e catalogando folhas de árvores, arbustos ou flores que se vão recolhendo no jardim ou nos passeios de fim-de-semana. Com uma prensa de flores ou com um scanner . A minha Mãe ensinou-me que, lindo lindo, é também prensar as flores no meio de livros grossos (entre folhas de papel de seda) e descobrí-las anos mais tarde :-)
- cultivar plantas nos contentores dos produtos que compramos no supermercado. Para conhecer como nascem as "verdadeiras protagonistas" dos pacotes de batatas fritas ou do ketchup, o Chelsea Physic Garden promoveu a exposição 'Shelf Life' (procurar em "Education").
- modelar umas (muito úteis!) etiquetas de barro para identificação das plantas.
- plantar um jardim temático, como 'o jardim da pizza", semeando tomate e ervas aromáticas.
- construir um comedouro para pássaros.

sexta-feira, junho 03, 2005

festival internacional de jardins de ponte de lima


Confesso que nunca achei grande piada aquelas competições entre cidades floridas... Mas este evento, para o qual a flores e abelhas reclamou a minha atenção, poderá vir a ter algum interesse se, de facto, contribuir para "(...) uma maior sensibilidade para a arte dos jardins e para o aumento da importância dos jardins e dos espaços verdes no incremento da qualidade de vida dos cidadãos, criando um movimento que aproxime as flores, as plantas e arte ao espaço urbano e simultaneamente uma força de conservação e enaltecimento dos valores paisagísticos ligados ao espaço rural."
Mas pergunto-me eu: serão os cidadãos chamados a definir a tal "qualidade de vida" que o espaço público deverá promover? Será que os critérios de selecção vão para além da mera apreciação estética dos projectos a concurso? Conseguirá este evento envolver os habitantes de ponte de Lima, convidando-os a participar directamente na discussão, concepção, produção e avaliação dos resultados? Irá ser este um projecto de verdadeira cidadania ou um mimetismo sem alma?
A ser inaugurado hoje pelo nosso Primeiro.

quarta-feira, junho 01, 2005

bom ambiente (e ainda CFS)


Ecologia e ambiente em força na exposição:
* Moat and Castle Eco-Garden - biodiversidade, manutenção de vida selvagem e sustentabilidade num jardim onde o lago é o ponto central.
* The Trailfinders Recycled Garden - os materiais reciclados ou recicláveis e as plantas e flores autóctones são o mote desta composição de Chris Beardshaw.
* Fetzer Wine Garden - como fazer do jardim um habitat atractivo para insectos e aves.
* Wildlife Trusts Lush Garden - um espaço de manutenção da vida selvagem.
* The Boreal Forest Garden - a defesa da floresta valorizando o seu papel na economia e a saúde locais e globais.
* The Real Rubbish Garden e Beyond the pale - reutilizando materiais para um design original.

para além do frisson

Esta excitação e espanto em torno de Chelsea pegam-se mesmo e espalham-se pelo corpo à medida que vamos progredindo no recinto da exposição. Como escrevi no post anterior, tudo está "artilhado" para que o efeito the greatest flower show on earth funcione: o cerimonial dos bilhetes (esgotados há meses, apesar da edição deste ano contar com mais um dia), o pouco tempo para ver tudo, a confusão de gente, a qualidade nas apresentações, a cor (meu Deus, a cor!) e as novas criações que nos cabe descobrir com a ajuda do imprescindível catálogo.



Aqui entre nós, pergunto-me se esta fórmula funcionaria do lado de cá do canal da Mancha, de tão imbuída de espírito britânico que está. Dei comigo várias vezes a reconhecer certos gags dignos das séries de humor rodadas em micro-cenários nos quais revemos todos os clichés sobre os ingleses: um chapéu subtilmente ridículo, as arcadas de rosas incrivelmente românticas e paradas no tempo de tão rosa-pálido que são, os pic-nics idílicos no prado que não foi aparado, os famosos comentários sobre o tempo instável que faz, fez e fará enquanto Chelsea acontecer.
Mas o que distancia este acontecimento de um paroquial concurso para eleger a melhor begónia do condado? O glamour, já disse. A escala, evidentemente. E ainda a extrema qualidade do exposto, a criatividade e as novidades que ganham honras de primeira página nos jornais.
E o impacto dos prémios na conta corrente dos felizes contemplados :-) .
Razões novas para voltar a Chelsea no próximo ano? O "piscar de olhos" à ciência, à educação contínua e às questões ecológica e ambiental que já se fez sentir na exposição deste ano e que prenuncia um olhar mais crítico e adequado ao tempo em que vivemos por parte dos seus organizadores.
I'll be back, then.