domingo, outubro 30, 2005

o vegetal como vocábulo da arquitectura II

(foto: arc en rêve)
Continuando a pesquisa sobre projectos que combinam arquitectura e natureza, encontrei Anne Lacaton e Jean-Philippe Vassal. Se a principal preocupação dos dois arquitectos franceses é a economia da arquitectura (bem patente no tipo de materiais que usam), "habitar a paisagem" parece ser o lema destas três obras do seu atelier:
- Casa Latapie - Floirac, França (1993) - uma casa feita de enormes espaços livres e modulares, com envólucros protectores semelhantes a estufas hortícolas (tal como a casa em Coutras (2000), na foto)
- Departamento de Artes & Ciências Humanas - Universidade de Grenoble, França (1995) - um edifício donde se avistam as montanhas através de uma fachada envidraçada, na qual se inseriram bambus (do lado norte) e buganvíleas (do lado sul).
- Casa em Lège-Cap-Ferret, França (1998) - a vontade de preservar a natureza levou-os a dissimular uma casa sobre pilotis no meio de um pinhal. As árvores atravessam a casa e o espaço interior é organizado em seu redor.
(fora de contexto, mas digna de menção, outra obra interessante desta dupla francesa: o projecto de renovação do Palais de Tokyo, Paris)

quarta-feira, outubro 26, 2005

leitura no metro



O verdadeiro mundo rural ainda existe, ou é já ficção? Faz sentido continuarmos a insistir na divisão cidade vs campo? O penúltimo número da revista Granta levanta e debate estas questões, acolhendo o imaginário rural de quase uma dezena de autores de língua inglesa : Craig Taylor regressa a Akenfield, Barry Lopez inicia-nos na arte da pesca do salmão, enquanto que Tim Adams regista os últimos momentos da caça à raposa. As páginas sobre iconografia rural e um passeio guiado por Robert Macfarlane pela escuridão da noite no campo encerram em beleza este volume.
Igualmente estimulante, a revista Hortus que se apresenta como a Granta da escrita sobre jardins. Alguns extratos do último número aqui.

segunda-feira, outubro 24, 2005

mini-cursos de jardinagem


Foi no Jardim Botânico da Ajuda que eu tirei o meu primeiro curso de jardinagem. Tinha acabado de sair de um esgotante projecto de três anos e, por momentos, cheguei até a pensar mudar o rumo da minha vida profissional. Com o curso, percebi que essa mudança não seria tão imediata como eu imaginava e acabei por regressar novamente à museologia e ... ao meu jardim.
passeio - cogumelos
No próximo dia 10 de Novembro, vai ter lugar mais uma actividade organizada pelo Jardim Botânico da Ajuda - Instituto Superior de Agronomia: um passeio para identificação e colheita de cogumelos num montado em Grândola, seguido de almoço em Alcácer do Sal. À tarde, os cogumelos colhidos serão separados e identificados. A sessão será orientada pelo Dr. Jorge Estrela e pela Engª Helena Machado. O preço, que inclui transporte em autocarro e almoço, é de 90 € (glups).
Para inscrições e informações, telefonar para 96.9534386 ou 21.3622503 (também é fax) ou enviar e.mail para henriqueta.coelho@clix.pt

domingo, outubro 23, 2005

analisar a terra


Antes de preparar a terra para as próximas plantações, resolvi retirar uma amostra de cada um dos canteiros para analisar. Retirei amostras a cerca de 20 cm de profundidade (nas zonas dos bolbos e hortícolas) e 40 cm nos canteiros de rosas. Esta análise permitirá verificar se a terra é ácida (abaixo de 7), básica ou alcalina (acima de 7) ou neutra (igual a 7)* e os níveis de azoto, fósforo e potássio.
No Porto, as análises ao solo podem ser feitas na Direcção Regional de Agricultura de Entre Douro e Minho (Rua Restauração 336, tel. 2.6062045).
* o solo ideal para cultivar plantas deverá ter um pH entre 5 e 6.

sábado, outubro 15, 2005

continuando a poupar água

A chuva já cá está (como diz um amigo meu, "obrigado aos índios") mas um plano de poupança de água continua a ser necessário. Por isso, o Ecoclube de Mindelo organiza uma palestra através da qual pretende sensibilizar para este sério problema. É hoje, pelas 14h30, na Associação Cultural e Desportiva de Mindelo.
Via João (Bioterra), chega-nos a notícia de um sistema de rega automático que aplica a água nas culturas no momento e quantidade ideias. O sistema é regulado por sensores que "interpretam" as solicitações hídricas das plantas durante a fotossíntese.
E uma vez que se adivinha uma longa espera até à aplicação de equipamentos similares a este nos nossos espaços verdes, esperemos pelo menos que casos destes não voltem a acontecer.

quarta-feira, outubro 12, 2005

o floricultor fotógrafo


Aurélio Paz dos Reis (Col. Cinemateca Portuguesa)
Há mais de um dia que ando fascinada com a descoberta: Aurélio Paz dos Reis (Porto, 1862 - id 1931), pioneiro do cinema em Portugal, fotógrafo, republicano convicto, era também floricultor. Em 1893, na Praça D. Pedro (a actual Praça da Liberdade), abriu ao público a sua "Flora Portuense". Na loja de floricultura, a par dos produtos hortícolas e flores, das plantas e sementes, Aurélio vendia também máquinas fotográficas, jornais, livros e revistas da especialidade. Da combinação destas duas paixões, resultou esta fotografia de uma dália indiana premiada num concurso do Palácio de Cristal. E ainda muitas estereografias* , uma das quais apresenta a família de Paz dos Reis num ambiente naturalista e bucólico.
* estereografia - imagens duplas captadas com máquinas de lentes gémeas; quando visualizadas através de um estereoscópio, produz-se um efeito tridimensional.

domingo, outubro 09, 2005

escolher bolbos



Está na hora de escolher os bolbos das flores da Primavera! E se há altura que me deixa feliz é esta, porque fico horas a imaginar as misturas de cores, as combinações de tamanhos e as texturas das plantas que resultarão daí. Os bolbos de tulipas, jacintos, narcisos (amarelos e brancos) e iris aguardam o regresso à terra dentro de bolsas feitas com collants (há que reciclar!!) que estão penduradas no tecto da carvoeira (um anexo do jardim que, como o nome indica, servia para guardar o carvão e ainda o papel que se ia pondo de lado. Todas as semanas, o "Manuel do Saco" vinha levantar o papel para a "farrapeira"). Como não sei a cor dos bolbos de tulipas holandesas (obrigada, LM!), vou ter algumas surpresas lá pelo meio também.
Na terra, desde o ano passado, ficaram os bolbos das anémonas, dos ranúnculos, dos crocos, das campaínhas e das minhas favoritas frésias. Talvez reforce alguns canteiros com a compra de novos bolbos destes.

como escolher bolbos
Por uma questão de maior confiança, costumo comprar sempre os bolbos a granel numa loja de sementes (normalmente, no Alípio). Para além de os poder escolher um a um, tenho a certeza que são de qualidade e acabadinhos de chegar.
Escolho os maiores (os pequenos nem sempre florescem; podem, no entanto, florescer no ano seguinte), os mais rijos, de casca intacta e aqueles que não apresentem manchas, riscas ou podridão.
Os bolbos que tenham já rebentado são de evitar. No entanto, quando se deixa a compra de bolbos para tarde, é natural que isso aconteça. Nesse caso, devem escolher-se os que tiverem os rebentos mais pequenos.

quarta-feira, outubro 05, 2005

nas nuvens



Sempre gostei de conhecer o mundo imenso que se esconde dentro das palavras. Quando fui estudar para o Reino Unido, aprendi que os genericamente apelidados por cá de indianos se diferenciam entre si consoante a sua língua-mãe, que há muitas expressões para nomear uma e que há imensas variedades de batatas (para além da nossa classificação "branca" e "vermelha").
Recentemente, descobri que podemos ser ainda mais precisos quando falamos de nuvens.

(mais tipos de nuvens)

terça-feira, outubro 04, 2005

o nome dos ventos

Não resisto a colocar um link para o post sobre ventos d' Um amador da Natureza.

segunda-feira, outubro 03, 2005

o vegetal como vocábulo da arquitectura



Com tanta animação astrofísica, a comemoração do Dia Mundial da Arquitectura ... eclipsou-se!
Para que não passe despercebido, apresento-vos um dos meus projectos preferidos que comprova uma relação mais íntima entre arquitectura e o universo vegetal.
À partida, estas duas noções podem parecer antagónicas: se a primeira se revê mais facilmente no mundo mineral, a segunda remete para ideia de organismo vivo, instável e frágil. No entanto, a utilização de vegetação na arquitectura multiplicou nos últimos anos, assumindo funções de estrutura, revestimento ou filtro.
Um dos projectos mais interessantes nesta área é o muro vegetal da Fundação Cartier (Paris), projectado pelo botânico Patrick Blanc para o arquitecto Jean Nouvel.
Investigador no laboratório de Biologia vegetal tropical do CNRS , Patrick Blanc especializou-se no estudo da adaptação das plantas ao meio, particularmente as que vivem sob condições extremas (como as que crescem nas florestas tropicais).
A partir da observação das plantas na natureza, elaborou um sistema de cultura vertical de plantas, sem terra. A sua referência é a vegetação que cresce nos troncos de árvores e rochedos das florestas húmidas. Filodendros e antúrios são dispostos numa superfície de feltro hortícola e desenvolvem a sua folhagem em jardim suspenso.
Para além desta intervenção sobre a arquitectura de vidro de Jean Nouvel, Patrick Blanc realizou muros vegetais em Chaumont-sur-Loire, no Hotel Pershing Hall e no Museu do Quai Branly, entre outros.

domingo, outubro 02, 2005

água leva o regador



Como a chuva não vem, há que continuar a regar o jardim. Não esquecendo que a poupança de água é, e será, sempre obrigatória!
Acertar com a quantidade certa de água para cada tipo de planta (sem a matar à sede ou encharcar) é um exercício de rigor que distingue um bom de um mau jardineiro.
Na EP[S] de 11 de setembro de 2005, Pilar Gómez-Centurión ensina-nos um dos segredos mais importantes da jardinagem: a rega.

(dic. - césped = relvado; macetas = floreiras)